Bom dia, gente estudiosa! Tudo certinho por ai?
Hoje escolhi trazer um resumo de um livro que li, e indiquei, há tempos, mas o resumo em si não estava querendo sair da "cachola" e entrar no papel! rs
Aproveitei então o domingo tranquilo em casa para terminar minha anotações, que começaram lá em 2020, mas que fui empurrando e nunca terminava de escrever até que o prazo final chegou: Concurso em Santos semana que vem! E claro que a Delia Lerner, figura carimbada nas referências bibliográfica, estaria ali, sorrindo no edital!
A Delia Lerner é uma pedagoga e pesquisadora argentina, que muito se destacou em suas pesquisas sobre didática, tanto na leitura e escrita, quanto na matemática. Além de ser docente universitária também é escritora, e sua obra supracitada faz parte da bibliografia básica de estudo para alfabetizadores.
Lerner foi consultora do Ministério da Educação para a criação dos nossos queridos PCN's, além de participar da avaliação de vários projetos educacionais pela América Latina.
PREFÁCIO
O livro da Delia Lerner já inicia com um prefácio da "musa" Emilia Ferreiro, e nessa hora a gente já sabe que foi uma boa aquisição!
No prefácio discute-se as mudanças de métodos de ensino no país, com a finalidade de melhorar a alfabetização no Brasil. Porém, entende-se que um novo método não resolve os problemas de alfabetização, é necessário mudar as práticas docentes, fazer com que o aluno seja o ator principal do seu processo de aprendizagem e não apenas um expectador.
É necessário pensar na didática e nas intervenção, obviamente, porém é ainda mais necessário enxergar os alunos como leitores e produtores de texto, participantes de uma sociedade letrada. Afinal, aprender a ler e escrever vai muito além de gramática e ortografia.
O professor deve aproveitar ao máximo o tempo didático que tem e aprender a controlar e potencializar este tempo. Isto, inclusive é mais importante que a própria didática! E a capacitação do professor? Esta também deve estar de acordo com as necessidades das novas práticas docentes.
CAPÍTULO I - O REAL, O POSSÍVEL E O NECESSÁRIO
Ensinar a ler e escrever é sempre um desafio que transcende o período de alfabetização, pois as escolas devem incorporar todos os seus alunos na cultura do escrito, para que eles sejam membros plenos da comunidade. Só assim os leitores estarão aptos para buscar nos textos as respostas para seus problemas, argumentos para suas ideias e formas de combater ideias que consideram erradas ou injustas!
Mas se a escola apenas se preocupar a ensinar a ler e escrever apenas, fatalmente o aluno não aprenderá, pois não se deve abandonar todas as suas outras funções que fazem da aprendizagem algo completo. Distribuir conteúdos no tempo escolar é uma importante tarefa do professor, pois assim ele consegue conciliar o tempo do aluno com suas necessidades e as necessidades da instituição onde trabalha.
Quem aí nunca se viu desesperado quando chega o momento daqueles eventos programados da escola e o básico ainda está meio enrolado em sala de aula?
Ao aprender a ler o aluno não apenas decodifica símbolos de um livro, mas também interpreta, recebe informações, compara um livro com outros, recomenda livros aos amigos, pesquisa sobre temas de seu interesse, etc.. Por isso é importante apresentar aos novos leitores os mais diferentes gêneros textuais, temas, e atividades que consolidem o hábito de ler.
CAPÍTULO II - PARA TRANSFORMAR O ENSINO DA LEITURA E DA ESCRITA
A escola deve produzir mudanças, mas sem perder a sua função ensinante. As inovações devem ser pensadas e não apenas para seguir modismos, pois existe um círculo vicioso na inovação escolar, que é escolher uma mudança e necessariamente ter que mostrar o fracasso do modelo anterior! É mais fácil inserir entre os professores a "nova didática da moda" do que um novo sistema que altere consistentemente o ambiente escolar. Professores estão enraizados em seus aprendizados obsoletos, e essa raiz é muito difícil de cortar!
Os professores precisam ter a capacitação adequada para as mudanças a serem implementadas na escola, e os alfabetizadores precisam estar atualizados e compreender a função social da escrita. Aliás, atualizações são sempre necessárias e essas é uma das dificuldades em implementar inovações no ambiente escolar.
A ideia de deixar a prática escolar mais parecida com a realidade é uma implementação necessária e também uma tarefa difícil para os adultos que estão acostumados com aquele velho ensino compartimentado, porém, não faz mais sentido ensinar às crianças coisas que elas não usarão fora da escola, além de valorizar os conhecimentos prévios dos alunos para que eles criem pontes e se apropriem dos novos ensinamentos significativos em questão.
Quanto à alfabetização, por mais que o ensino da leitura e da escrita seja o principio mecânico para que depois se aprofundem na interpretação e compreensão, ensinar apenas conteúdos fragmentados, compartimentados como é tradição da escola, reduz o conhecimento ao simplório. É preciso formular objetivos, conteúdos e práticas, que não se desvirtuem da natureza do conhecimento, que é amplo, complexo e transdisciplinar!
Segundo Delia Lerner, há um "contrato didático" implícito na escola, onde o professor ensina e o aluno aprende, e as interações entre esses alunos e seus professores respondem a este contrato. O problema é que tal contrato não dá direito ao aluno (parte mais interessada) a discordar do que é ensinado, ou reclamar sobre a forma como os conteúdos são transmitidos, e essas ações levantam barreiras intransponíveis entre professor e aluno.
Toda as estratégias da prática pedagógica devem ser constantemente avaliadas, e ter seus objetivos especificamente definidos, para que o aprendizado seja consistente, significativo, e para que esse contrato implícito se faça justo para todas as partes.
Atividades tediosas e carentes de sentido distanciam os alunos do conhecimento e da motivação de ler. A compreensão textual, por exemplo, é sempre cobrada, mas pouco trabalhada como um objetivo em si. O que atrapalha o ato de ler, que por sua vez carece de uma construção de significados.
Outro ponto que a autora aborda é a necessidade de acabar com o mito da homogeneidade escolar, pois na educação, assim como na sociedade e na contramão do que se pensa e se espera de uma sala de aula, as salas são tradicionalmente heterogêneas, na cultura, na história de vida e na forma de aprender e pensar dos alunos. Por isso é preciso trabalhar a sua prática pedagógica de diferentes maneiras, com a finalidade que o conhecimento chegue a todos. Entende-se que qualquer estratégia diferente da tradicional pode gerar preocupações e dúvidas entre os pais dos alunos, independente de ter uma boa sustentação científica ou comprovação teórica, uma vez que todas as pessoas querem palpitar sobre a Educação, e se esquecem que ela é objeto de estudo científico sério e competente. Por isso, é preciso mostrar que as práticas escolares inovadora estão adequadas aos conhecimentos sobre a aquisição de aprendizagem que temos hoje.
CAPÍTULO III - APONTAMENTOS A PARTIR DA PERSPECTIVA CURRICULAR
A partir do momento que compreendemos que ensino e prática pedagógica devem estar alinhados a uma aprendizagem com significado é bastante lógico pensar que os documentos curriculares da escola devem estar igualmente alinhados a estas propostas e suas possibilidades. Quando se propõe uma transformação didática a instituição pode sofrer pressões e restrições se a proposta didática não estiver bem articulada e adequada à função da escola. Os saberes e as práticas se modificam e o propósito educativo não pode se descaracterizar do que a instituição quer comunicar, é preciso construir um objeto de ensino, determinar os conteúdos e o contexto, mesmo que esses precisem ser reelaborados. E assim sustentar que o objeto de ensino, proposto no documento escolar, não seja apenas uma referência à vida real, mas que ele realmente tenha função social!
Neste capítulo a autora também se aprofunda nas práticas de leitura e escrita, que existem antes mesmo dos estudos sobre o assunto, e inicia uma reflexão sobre como se ensina e como se aprende dentro desta função social.
"Aprende-se a ler, lendo" e "Aprende-se a escrever, escrevendo" são lemas que expressam o propósito do objeto de ensino da alfabetização. É importante também que o que se vai ler e escrever na escola seja significativo, e não apenas a tarefa pela tarefa (mesmo que aprender a ler seja uma responsabilidade inalienável da escola) é preciso que o conteúdo faça sentindo na vida cotidiana. E neste momento é possível compreender o conceito de "Transposição Didática", tão trabalhado pela Delia. A transposição didática da vida real para a sala de aula é inevitável, mas ela pode ser uma boa transposição, com significado, com função social, ou pode ser uma má transposição, executada apenas como conteúdo conceitual. Resumindo: Trazer um conteúdo que faz parte da vida cotidiana (escrever lista de compras, bilhete, e-mail) para dentro da escola é o que define o termo Transposição Didática de um conhecimento.
CAPÍTULO IV - É POSSÍVEL LER NA ESCOLA?
É possível ler na escola? Esta pergunta parece colocar em dúvida a viabilidade da leitura nas salas de alfabetização, lugar onde o objetivo principal é ensinar a ler e escrever. Mas a autora nos diz que a leitura tem um duplo propósito: o didático e o comunicativo.
O propósito didático está ligado aos conteúdos ensinados, conforme o objetivo principal que citei acima. E o propósito comunicativo é aquilo que tem significado para o aluno, aquilo que o aluno se interessa em aprender. Unir os dois propósitos é o desafio tema deste capítulo. Diversas modalidades de leitura, estratégias e situações podem auxiliar esta união de propósitos: Situações de leitura que permitam indagações, escritas em grupo, atividades regulares, sequências de atividades, e o trabalho a partir de projetos didáticos significativos que envolvam toda a sala de aula Os projetos podem ser de curta ou longa duração, e é muito importante a gestão do tempo do projeto, e da escolha dos objetivos do projeto, de forma que fique bem claro o que se pretende obter como resultado do trabalho.
Claro que todas essas modalidades precisam ter seus resultados avaliados, avaliação é muito importante, pois é o que permite determinar se o ensino alcançou o seu objetivo.
E a postura do professor frente a estes desafios?
Para Lerner o professor precisa ser um leitor. Ele precisa ler e ter um comportamento leitor, dar o exemplo, apresentar o mágico, demonstrar empolgação e interessar-se por diversos textos! Informação e incentivo são fundamentais no papel do professor leitor.
Portanto, seguindo esses passos, produzindo esta mudança qualitativa no ambiente escolar, refletindo sobre a sua prática docente, é possível sim ler na escola!
CAPÍTULO V - O PAPEL DO CONHECIMENTO DIDÁTICO NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR
Não é apenas com boas atitudes e assumindo o papel de leitor que o docente estará preparado para atuar com qualidade em uma sala de aula, ele também precisa ter o conhecimento didático necessário para não sucumbir às inseguranças e práticas obsoletas do seu tempo de aluno. É necessário capacitação, troca de informações, análise das situações-problema vividas em sala de aula, com o foco em resoluções de problemas e obtenção de resultados positivos.
Claro que os capacitadores, os responsáveis à capacitação pedagógica e formação de professores, devem compreender as dificuldades dos professores e ter a vivência em sala de aula, para que possam ser um ponto de apoio aos docentes, sem se concentrarem apenas em julgar e criticar as práticas. A capacitação deve ser uma aliada, não uma inimiga que somente aponta os erros cometidos! É necessário um esforço de ambos os lados, de quem está ensinando e de quem está aprendendo!
E aí, esse textão foi útil pra você?
Espero que sim.
Beijos, M.
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Aulas da Probat Concursos sobre o livro...
Simulado da Delia Lerner, no blog Simbora estudar!
Bibliografia
LERNER, Delia. Ler e escrever na escola: o real, o possível e o necessário ; tradução Ernani Rosa. – Porto Alegre : Artmed, 2002. 120 p.
🔑 Espero que tenha gostado do conteúdo.
Para escrever este texto, além da obra do próprio autor, consultei diversas fontes: Google, Nova Escola, Canal Intensivo Pedagógico, Canal Probat... A chave do sucesso é consultar outras fontes você também!